Ferramentas de Usuário

Ferramentas de Site


pt:absurdity

Absurdo

Em 1992, um ano após a morte de Vilém Flusser, foi publicado na Alemanha o livro Bodenlos. Eine philosophische Autobiographie (Bodenlos: Uma Autobiografia Filosofica, 2007) que descreve várias passagens da vida deste Filósofo da sociedade judaica de Praga. Emigrado da capital tcheca para São Paulo, aí viveu uma parte significativa de sua vida adulta. Nesta autobiografia Flusser a firma, por meio de três metáforas re- tiradas do universo da botânica, da astronomia e da lógica, que a palavra “absurdo” significa originalmente “sem fundamento”, no sentido de algo “desprovido de raízes”. Este seria o drama das ores que são colhidas da terra, que são desenraizadas e colocadas num vaso. As ores no vaso são seu exemplo de vida absurda.

A palavra “absurdo” significa também algo “sem fundamento”, “desprovido de sentido”. O sistema planetário, com seus planetas girando em órbitas em torno do sol, tendo o abismo do vazio e o infinito como pano de fundo, é exemplo de um funcionamento absurdo – a final porque tudo funcionaria assim? A palavra “absurdo” significa também “sem fundamento” no sentido de algo “sem [uma] base razoável”, tal como expresso pela sentença “duas vezes dois são quatro às sete horas em São Paulo” (Bodenlos, 2007, p. 19). Este é outro pensamento absurdo, a partir do qual as noções de “verdadeiro” e “falso” podem se tornar inoperantes.

“Absurdo” também pode ser entendido como uma variação do termo “utopia” (u-topos), “ausência do lugar”, ou um lugar que não é próprio dos nossos fundamentos. Neste sentido bodenlos poderia ser traduzido também como “desterro”.

You could leave a comment if you were logged in.
pt/absurdity.txt · Última modificação em: 2021/11/05 17:51 por 127.0.0.1